‘Enquanto uns choram outros vendem lenços’, o ditado que já é conhecido também cabe ao mundo dos negócios durante a pandemia; brinquedos, aspirador em pó, quebra-cabeça e até pijamas ganharam espaço, enquanto turismo e comércio tiveram quedas bruscas.

 

São Paulo, maio de 2020 –  A  pandemia causada pelo Covid-19 prejudicou a economia mundial e muitas empresas, mas se para alguns setores exigiu a necessidade de se reinventar, para outros trouxe novas oportunidades e crescimento. Para se ter ideia, o e-commerce do Brasil cresceu 47%, de acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em parceria com a Konduto. Outros setores como farmácias, serviços ligados a saúde, brinquedos, pijamas e ítens relacionados a home office também tiveram crescimento e até chegaram a abrir novas oportunidades de emprego, desde março de 2020 as áreas da saúde, supermercados, farmácia e logística tiveram mais vagas de emprego, segundo uma pesquisa realizada pela empresa Catho. 

 

De acordo com Ariane Marta, contadora e diretora da Brascont Contabilidade, os setores menos prejudicados durante a pandemia foram os essenciais, porque conseguiram continuar com sua rotina de trabalho. “Os segmentos ligados a saúde e alimentação foram os mais beneficiados com o aumento da demanda. Na sequência vem aqueles que já trabalhavam sem o atendimento presencial, como lojas virtuais, produtos digitais, tudo isso que já era digital ou restaurantes que já viviam de delivery tiveram crescimento. O consumo de quem está em casa com compras virtuais aumentou, pelo menos no começo do isolamento social”, acrescenta. 

 

A especialista também alerta sobre outros setores que vão precisar se reinventar e lutar para se recuperar. “Os mais atingidos são os que não estão conseguindo manter o funcionamento do comércio nesse período, como restaurantes que não trabalham com delivery, ou o comércio varejista, hotéis, turismo, eventos, entre outros negócios que ficaram totalmente parados. Uma das soluções para a recuperação é usar o máximo de financiamentos possíveis liberados pelo governo, como linha de crédito,  BNDES, adiar os impostos, renegociação, analisar e levar em conta as MP trabalhistas. Tudo isso deve ser levado em conta para aumentar a vida do caixa da empresa. Não é de uma hora para outra que os shoppings, bares e restaurantes vão abrir, isso não vai voltar tão cedo. Por isso as medidas relacionadas ao fluxo de caixa, controle financeiro, avaliação de crédito entre outras, devem ser levadas em consideração”, revela Ariane Marta. 

 

Abaixo, ela lista três setores que não pararam e ainda cresceram durante a pandemia. Confira: 

 

E-commerce: com o isolamento social cresceu a busca por produtos de forma online e o segmento virou uma opção para empreendedores se reinventarem na crise. “Os setores que já tinham seus negócios de forma online conseguiram manter e crescer suas vendas, agora quem ainda não estava nesse cenário pode encontrar uma oportunidade ao investir nesse tipo de vendas. Um dos segmentos prejudicados foi o varejo, mas temos a tecnologia ao nosso favor e já preparada para atender uma demanda online. Esse momento também vai abrir os olhos para novas oportunidades que alguns já vinham praticando”, exemplifica Ariane. 

 

O supermercado é o novo shopping:  mesmo com as opções de compra online muitas pessoas não têm acesso a essas tecnologias, ou sentem a necessidade de ir ao mercado como uma desculpa para sair um pouco de casa. “O setor está crescendo bastante nesse período, inclusive os mercados de bairro, mas assim como precisamos tomar cuidados em controlar a gestão financeira quando os negócios não vão bem, é necessário tomar uma série de cuidados com o crescimento, saber o preço de venda, produtos, controle de estoque. Sabemos que essa é uma fase que uma hora ou outra vai acabar, por isso é preciso aproveitar com sabedoria”, alerta a contadora. 

 

Farmácias e Serviços ligados a saúde: Como estão relacionadas ao setor essencial continuaram funcionando e ainda tiveram um crescimento em suas vendas. “Como as farmácias também passaram a vender máscaras, álcool em gel e também muitas pessoas passaram a comprar mais medicamentos para prevenção, foi um setor que não sentiu a crise. Os planos de saúde e setores médicos também sentiram a pandemia de forma positiva para os negócios”, finaliza Ariane Marta.